Sinto falta de quem eu era quando estava com você. De como minha pele respondia ao toque dos seus dedos, o arrepio induzido por um desejo crescente. As batidas no peito alterando o compasso por ter você mais perto, acelerando o ritmo pedindo por uma nova música.
Faz falta ter o contato diário de quem éramos, as gargalhadas de quem fomos e os sonhos de quem poderíamos nos tornar. De como o espaço na calça diminuía quando meus lábios tocavam os seus. Do calor no abraço apertado, da leveza pela roupa tirada uma por vez.
Sinto saudade de como o reflexo do meu sorriso tomava forma ao imaginar o seu. De como aquela imagem ganhava diferentes tons, mesmo sendo igual todos os dias. Do como meus sentidos eram alterados, ampliados e estimulados. Do prazer de ser enganado pelo cérebro e suas químicas ilusões.
Faz falta esquecer a existência do vazio, a sensação de não pertencer ou se encaixar. De anular as impossibilidades e sentir o peso do mundo cada vez menor. Tenho saudade da facilidade de ser quem eu era e de não fazer esforço para seguir em movimento, explorando as possibilidades do era uma vez.
Imagem: Counterclock