Para onde correr quando o que atormenta está dentro da cabeça? Quando a dor é no peito, irradiando até chegar aos olhos, assumindo forma física? A quem recorrer quando a única coisa que se tem por perto é o travesseiro para abraçar e as incertezas para acalmar?
O que fazer quando a única solução é chorar até que tudo termine? Até que o corpo desabe e a mente sossegue. Até que o ambiente escureça e os sonhos avancem, despreocupados, alimentando a vontade de fazer o imaginário durar para sempre.
Como fazer o tempo acelerar tão rápido que o que dói fica pra trás e o que vai é a certeza de que tudo ficará bem? Como ver essa certeza no meio das sombras, do choro e do medo? Como deixar o processo suportável?
Como proteger o que fica? Como salvar o futuro rasgado e amassado, jogado no canto gelado junto com o corpo encolhido? De que forma se proteger do frio quando todas as roupas parecem não ser suficientes?
Como juntar forças para se arrastar até o banheiro, equilibrar-se na pia e encarar o espelho, balbuciando ilusões até que tudo fique bem? Como acreditar no tudo ficará bem?
Quando o suportável começa?
Deuses, esse texto ficou muito bonito, parabéns!
Me identifiquei com cada palavra, se encaixou perfeitamente ao momento que eu estou vivendo.
Muito obrigado, Fernanda!
Luan, que bonito! Já te acompanho no canal e no twitter, gostei de conhecer outro lado diferente, mais vulnerável. Acho que a escrita ajuda a gente nisso, né? A ter coragem de se expor mesmo, deixar a pele aberta, feito carne viva.
Teu texto tem um monte de perguntas e – conforme a gente vai lendo – o mais triste é perceber que muito dificilmente essas questões vão ser respondidas. Às vezes tudo o que a gente tem é dor e dúvida (e amor). Certezas são muito poucas, e nem sempre elas te consolam. Uma das minhas, por exemplo, é o medo. E ele não me ajuda muito. [Escrevi sobre isso aqui: https://escrevoapenas.wordpress.com/2015/05/01/tenho-medo-de-voce/%5D
Mas independente disso, acredito que quando você coloca essas poucas certezas – boas ou más – a sua volta, tudo muda. As dúvidas oprimem menos, doem menos. Porque afinal, a gente pode nunca saber “como se proteger” ou “a quem recorrer”, mas a gente pode fazer o suportável começar pra gente. Agora, a qualquer hora.
Espero que já tenha começado pra você.
Um abraço!