A rampa era bamba, instável sob os pés de alguém que não estava confortável. Ele mantinha os braços abertos e joelhos flexionados, preparado para saltar longe da beira caso alguma coisa fora do esperado acontecesse.
A ideia era pular. Era abrir as asas de quem era e alcançar o máximo de altitude que conseguisse. Era sair daquela casca espessa, explorar as possibilidades e deixar o peito exposto recebendo tudo de bom que viessem. Era deixar a incerteza no canto, isolado com o medo e ansiedade exagerados.
Suor frio era aliviado pela brisa, cada célula nervosa bombardeava o cérebro com informações. Tudo era intenso e urgente. Pensamentos confusos trazendo possibilidades de futuros que talvez nunca existissem. Dúvidas, os “e se” nutrindo ilusões e criando caminhos recheados de fracassos. Falhas que iriam corroê-lo até não sobrar nenhuma vontade de seguir em frente. Como calar algo que não conseguimos controlar?
Lá no fundo, cercado pela sombra de quem queria se tornar, um eco correu contra toda a onda de incertezas. Trazia o necessário para que tudo se calasse e ele tomasse impulso: você nunca vai tocar o céu se não se permitir voar. Com isso, a rampa ficava para trás junto com todos os “e se” que a mente teimou em criar.
Imagem: Chris JL
Adorei o texto Luan, muito bonito! <3