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Você importa

Luan, você é estranho, já deve ter percebido. As pessoas ao redor souberam disso antes de você, mas tudo bem. Não é o fim do mundo. Não é por ser diferente que as coisas são melhores ou piores pra você. Se a gente prestar um pouquinho de atenção, tem quem só finge se encaixar. Você não consegue fazer isso. Ainda bem.

Você precisava de uma forma para se expressar e acabou encontrando algumas. Está fazendo um bom trabalho, preciso te dizer, mesmo que não perceba ou exista momentos em que alguma coisa ai dentro ache que tudo está uma merda. Confie em si e aceite que o que você faz está servindo para o que você quer: atingir e causar alguma coisa positiva nas outras pessoas.

Eu sei que você acredita que vencer um demônio por dia vai fazer com que eles desapareçam para sempre alguma hora. Vai fazer com que aqueles medos deixem de existir. As noites mal dormidas, causadas por acreditar que ser quem é incomoda os outros e que isso é culpa sua. Os altos e baixos que os caminhos trazem, provocando uma explosão de sentimentos que são difíceis de lidar.

Isso não vai parar. Você vai ter alguns fantasmas para lutar ou te assombrar. Para se deixar abater ou para te inspirar. Haverá sempre aquela montanha russa na sua vida, provocando aqueles picos de sentimentos que a sua mente precisa e que você conhece muito bem. Mesmo que na hora você não perceba, mesmo que doa e que a vontade seja de ver o tempo parando, há um equilíbrio ai.

Lembra quando você chegou numa conclusão sobre felicidade? Não esqueça dela. O seu redor sempre procura uma satisfação plena que dure para sempre. Felicidade não é assim, o mesmo para a tristeza. Aproveite aquela chuva de verão e vá até lá sentir a água gelada no cabelo. Deixe que os momentos felizes do dia te encontrem, você sabe que não precisa correr atrás deles.

Você já tentou parar com o overthinking, mas isso faz parte de você. Não tem como evitar. Tire proveito disso. Tudo é intenso quando vale alguma coisa pra você, acho que já percebeu. As possibilidades te inspiram tanto quanto as coisas que realmente aconteceram. Pegue essas massas de sentimentos e transforme em algo que te fará mais leve. Em algo que contribua para a sua arte, para sua vida.

Lembra da sua filosofia de arrependimento? Você sabe que é fácil se autoflagelar no presente por algo que tenha acontecido no passado. Se arrepender é normal, mas ficar revivendo a dor, se destruindo a cada minuto, não vai tornar as coisas melhores. A cada passo você se torna uma pessoa diferente de antes. Não há como julgar de forma justa uma ação que aconteceu baseando-se no que você sabe agora. Se você soubesse disso antes, a merda não aconteceria. Veja a situação como uma forma de aprendizagem, não como uma brecha de tortura.

Sei que às vezes você pergunta se vale a pena continuar escrevendo esses textos. Se vale a pena continuar se expondo, às vezes de forma crua, para que outras pessoas possam ler. Sei que você já pensou em tentar focar isso em textos mais longos, romances ou contos talvez, com essas experiências camufladas. Ou até em parar de publicá-los. O que você fará depois não desmerece o que é feito agora. E falar sobre sentimentos é algo que você procura.

Se o que você sente não estiver transformado em algo que outras pessoas possam aproveitar, elas não vão prestar atenção. Ou vão te julgar com mais facilidade, sem te entender. Você já percebeu isso: pouca gente se importa. Todos estão tristes, ansiosos e insatisfeitos, mas ninguém se expressa. Ninguém fala nada porque a outra pessoa não dá a mínima, mesmo que ela esteja igual, mesmo que seja amiga. Quando alguém toma coragem, é ignorada ou pior. Falta empatia, entender que a dor que eu sinto é o mesmo sentimento que você sente. As raízes são as mesmas, o que muda é a interpretação. Torne isso tudo real.

Por fim, continue. Você não sabe em que lugar isso vai dar e eu também não. Então, continue. Viva tão intensamente quanto puder, abrace e aproveite a companhia dos amigos que te querem por perto e melhoram a sua existência. Sorria e sinta a chuva no rosto. Domine seus fantasmas e escreva. Escreva tanto quanto puder, da forma mais intensa que conseguir, porque eu me importo. Você importa.

When it all falls, when it all falls down
We’ll be two souls in a ghost town 

3 comentários em “Você importa”

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