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Gosto do silêncio. Da ausência de preocupação com o que vai acontecer. De sentar no chão, feito criança, até sentir as pernas formigando. Aproveitar e me deitar, porque gosto de olhar para o teto. De sentir o frio percorrer a pele em contato com o piso.

Gosto da ausência de fala. Sem gritos pedindo objetos ou favores. Gosto do som do vento, das folhas esfregando-se umas nas outras. Dos passarinhos curiosos que aparecem na sacada. Do ronronar dos gatos recebendo carinho e deitando-se comigo no chão.

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Aproveito a sensação do tempo passar mais devagar, como as nuvens percorrendo o céu. Adivinho os formatos que assumem enquanto o vento as obriga a mudar. Sinto meu corpo trabalhando, coração batendo e pulmões inflando, procurando a homeostase física da mesma forma que procuro a mental.

Assisto meus pensamentos, me perdendo em suas voltas. Rio quando percebo as conexões que foram feitas, de ponta a ponta, me perguntando como cheguei a tal conclusão partindo de algo sem qualquer relação. Revivo os sorrisos fofos que vi e as situações embaraçosas que criei. Sentimentos aparecendo como se tudo acontecesse de novo.

Aceito ouvir meus pensamentos, porque é uma forma de saber o que está acontecendo aqui dentro. Entender o que curto, me excita e desperta paixão. O que temo e o que é importante. Compreender se estou sendo fiel ao que sinto, ou apenas obedecendo formas para me encaixar. Quem eu sou agora? Gosto desse eu? Ele é melhor que o anterior? Mas é melhor pra quem?

Aprendi a entender que reflexões negativas existem para levar a algum lugar, que é preciso ruminar para amadurecer e que freios são necessários no processo. Que é importante manter tudo organizado com fácil acesso às memórias positivas, já que em momentos de crise precisaremos equilibrar o jogo.

Adoro saber que consigo me surpreender com as coisas que faço. Que sei provocar arrepios tocando minha própria pele e que as cicatrizes que ela carrega perderam o peso negativo. Que em meio as reflexões, em algum momento, estarei dançando pelo cômodo, sorrindo e cantando.

Gosto de voltar para a realidade com a certeza de que, de certa forma, ficar sozinho por um tempo me fez bem.

4 comentários em “Só”

  1. Maria Eduarda Fernandes

    Luan MEU DEUS… Eu acho q vc tem um numero de inspiraçao gigantesca, e se publicasse um livro eu seria a primeira a comprar. AMO seus textos <3 e ti admiro pacas. MELHOR TEXTO EVER *-*

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