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Você esperava o que? Achava mesmo que as coisas iam se sair bem? Tolo. Era para doer mais. Infantil. Tinha que ter doido mais. Como vai aprender sem sangrar o suficiente? Foi pouco. Qual é a sensação de cair? Gosto do desespero de não ter no que se segurar estampado nos seus olhos. Perfeito. Os músculos retesados e os pulmões procurando por ar. As pernas se debatendo. Culpa sua. Adorei o cheiro do medo, a falta de sentido no que fazer em seguida. Bem feito. Não via a hora de te ver no chão. Babaca. Você achava mesmo que daria certo? Pare. Você já foi mais esperto. Agir diferente não te levaria até aquele final. Culpa sua e você sabe. Suas ações te trouxeram aqui. Você não teria caído se tivesse feito tudo diferente. Não sentiria a textura da lama nas mãos e a amargura na boca. Gostou desse amargo na boca? É persistente, né? Não tem como se livrar. O corte foi feito e a cicatriz ficará bem em você. Pare! Espere, lembranças boas não vão ajudar, mas continue. Quero ver a angustia que elas te causam. Isso é tão prazeroso! Se entregue menos da próxima vez. Ah, você acha mesmo que não terá uma próxima? Isso é fofo. O que mais você acha que não vai acontecer? Venha, se veja no espelho. Por favor. Não tenha medo, isso ali é você. Está vendo essa expressão vazia e marcada? E a palidez contrastando com as olheiras? Percebe que é inútil tentar esconder? Não que você esteja tentando. Você sequer está tentando qualquer coisa. Inútil. Fique, olhe mais um pouco, depois pode voltar e rolar na cama. Parece mais magro também, aqueles ossinhos não apareciam antes. Tudo tem um lado positivo, só depende da perspectiva, né?! A minha perspectiva está ótima. Ah, não, não tome mais essa pílula, estamos nos divertindo! Não é divertido? Sei que ainda nos ouve enquanto adormece. A dor vai continuar quando acordar, você sabe. Não tem como fugir disso. Não tem como fugir de nós.

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1 comentário em “Vozes”

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